A construção civil é um dos pilares da economia brasileira, refletindo diretamente no desenvolvimento social e na qualidade de vida da população. Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no dia 29 de maio, mostram que, no mês de abril, foram criados 31.893 empregos com carteira assinada no setor, sendo 15.564 deles em obras de edifícios, 10.719 em serviços especializados para a construção e 5.610 em infraestrutura. No mesmo período, eram 2,889 milhões de trabalhadores em atuação, o que corresponde a 6,22% do total de empregos formais no país, conforme aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Por isso, devemos ter uma visão abrangente sobre os desafios e as oportunidades que se desenham este ano.
Em resumo, 2024 mostra fôlego para crescimento robusto, impulsionado por um cenário econômico favorável, inovações tecnológicas e melhorias regulatórias. Esses elementos combinados não apenas fortalecem a economia, mas também contribuem significativamente para a geração de empregos e a melhoria da infraestrutura e habitação.
Os sinais de recuperação econômica são refletidos no Produto Interno Bruto (PIB) e na queda da taxa de desemprego. Em 2023, o PIB brasileiro cresceu 3%, projetado pelo aumento da produção industrial e do setor de serviços. A taxa de desemprego também apresentou uma redução, atingindo 8,9% no final do ano, o menor nível desde 2015. Esses indicadores positivos fortalecem a confiança dos investidores.
Para além desse cenário, a incorporação de novas tecnologias sustentará o progresso da construção civil em 2024. O avanço na digitalização está transformando a forma como projetamos, construímos e gerenciamos obras. Essas tecnologias aumentam a eficiência, reduzem custos e melhoram a sustentabilidade dos projetos.
A sustentabilidade, aliás, segue como uma prioridade. A adoção de práticas que minimizam o impacto ambiental, como o uso de materiais recicláveis e energias renováveis, e a construção de edifícios verdes, se consolida como uma tendência irreversível. O setor está cada vez mais alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa postura não só contribui para a preservação do meio ambiente, como também agrega valor às construções.
O Brasil é o quinto colocado entre as construções mais sustentáveis do mundo, em uma lista de 180 países, segundo o United States Green Build Council (USGBC). Isso nos posiciona como uma potência à frente de muitos outros em iniciativas verdes no setor. Um fator importante para esse avanço é o uso do BIM (Building Information Modeling - Modelagem da Informação da Construção, em português), uma metodologia que emprega um conjunto de softwares e ferramentas para integrar projetos em várias fases, o que torna as obras mais rápidas, econômicas e sustentáveis. Essa abordagem melhora a visualização dos projetos, reduzindo o desperdício de materiais e o consumo de energia, além de otimizar a correta destinação de resíduos, garantir a eficiência energética e diminuir as emissões de carbono. Como resultado, construções realizadas com BIM podem ser até 20% mais baratas e concluídas com maior rapidez.
É preciso considerar ainda outro aspecto que se tornará cada vez mais relevante: a resiliência das obras diante dos eventos climáticos extremos. Com a crescente frequência e a gravidade desses fenômenos, como furacões e tempestades, a demanda por uma atuação profissional especializada se torna imperativa. Os profissionais da construção civil precisarão desenvolver uma compreensão aprofundada das forças naturais que impactam as estruturas. A velocidade dos ventos e a intensidade das chuvas, por exemplo, são fatores críticos que influenciam diretamente a durabilidade e a segurança das edificações. As tecnologias terão um papel fundamental nisso, permitindo simulações precisas e a implementação de soluções mais efetivas e adaptáveis.
A necessidade de construir estruturas mais resistentes também se torna uma exigência prática quando o assunto é o uso de materiais recicláveis, energias renováveis e técnicas de construção verde, que continuarão a ser vitais, com ênfase na resiliência estrutural, o que traz uma camada adicional de complexidade e importância.
Assim, o setor da construção civil em 2024 e nos anos seguintes não apenas se beneficiará do aquecimento do mercado e das inovações tecnológicas, mas também terá que se adaptar para enfrentar os desafios impostos pelas variáveis ambientais. A combinação de crescimento econômico, adoção de novas tecnologias e uma abordagem resiliente e sustentável posicionará o Brasil como um líder global no setor, capaz de enfrentar os desafios do futuro com competência e visão.
*Ligia Mackey é engenheira civil e presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP)
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Fonte: CDI.COM