No entanto, Fernando Gabas, criador do protocolo de meditação e expansão da consciência, Life Matters, alerta para o perigo de banalizar a meditação. "Hoje em dia, se ouve muito 'vai meditar', como se fosse a solução para tudo, um antídoto que você toma para desestressar e, em vinte minutos, tudo estará bem. Mas não podemos tratar a meditação como algo simplista", ressalta.
Para o especialista, ambas as práticas são essenciais, mas cumprem propósitos distintos, existindo uma diferença entre as práticas de relaxamento, com concentração e de forma reflexiva, e a meditação. Segundo ele, as técnicas de relaxamento são válidas para quem busca o bem-estar mais momentâneo ou para desestressar. O que é distante de uma prática estruturada.
Gabas defende o conceito de meditação a partir de práticas progressivas e sequenciais que incorporam muito estudo, investigações e exercícios, com caráter científico. "Meditar é transcender o mecanismo cerebral, trabalhando um espaço anterior à mente e seus processos de pensamentos. Se não tivermos método para isso, não há progressão para mudanças substanciais de comportamento. Esse objetivo profundo e científico é bem diferente de usar a meditação simplesmente para reduzir o estresse", explica.
A Eureca do EU
É sabido, por estudos de universidades renomadas, com as de Yale (EUA) e Toronto (Canadá), que os meditadores experientes têm outras redes cerebrais ativas e que, após dois meses de prática diária, com duração de 45 minutos, o indivíduo apresenta diminuição da chamada "Default Mode Network", atividade cerebral conhecida como responsável por pensamentos centrados no 'eu' e presos ao passado e ao futuro.
"Com o Default desativado, o cérebro trabalha a partir de outros sistemas, mais presentes e mais produtivos. Nas turmas que acompanho, depois de oito semanas, observamos uma transformação efetiva das programações mentais. Os alunos chegam a relatar um índice acima de 65% na melhoria de fatores como mais presença, alegria, calma e capacidade de autorregulação", conta Fernando que já reuniu mais de 500 brasileiros na metodologia criada por ele em um protocolo de aulas reunidas em módulos, cada qual com a duração de dois meses.
Contudo, o especialista alerta que esse tipo de meditação é indicado para aqueles que possuem um questionamento existencial do 'quem eu sou', e buscam conhecer a razão por detrás das coisas, não esperando algo pontual e sim uma transformação.
"Temos uma proposta científica e profunda, que se inicia com o recondicionamento de crenças limitantes da mente, o que é feito por meio de conhecimentos e práticas que proporcionam essa experiência. Com o desenrolar dessa jornada sequencial do Protocolo, os participantes experienciam o verdadeiro autoconhecimento, algo muito mais abrangente e transformador", destaca.
Adriana Tristão, 38, especialista em medicina tradicional chinesa, uma das praticantes do protocolo, relata mudanças no comportamento desde que passou a considerar a meditação como uma jornada de autoconhecimento.