O Carnaval oficialmente ainda não começou, mas os eventos de 'esquenta' e os ensaios estão a todo vapor no calendário de fim de ano. Mas a maior festa popular do mundo, que, em 2025 acontece em março, não traz apenas descontração e alegria para as ruas do país. É o período de maior número de importunação sexual contra as mulheres, por causa da grande aglomeração de pessoas num mesmo espaço. Neste ano, a folia chegou a reunir quase 50 milhões de pessoas no Brasil. A preocupação não é somente com a abordagem física indevida. A fundadora e CEO da empresa Livre de Assédio, Ana Addobbati, relata que o trabalho de prevenção é fundamental e deve começar com a identificação de situações de vulnerabilidade em que as mulheres estão expostas.

"A luta contra o assédio e a importunação envolve uma rede que, dependendo do lugar, pode ter o garçom, o dono da barraca de bebidas, os funcionários de um quiosque. E o que acompanhamos nos Carnavais e grandes eventos nos quais atuamos é que aquela mulher que está de alguma forma minimamente alterada pelo consumo de álcool, por exemplo, é uma vítima em potencial para um assediador. Ali, deve começar a atuação. E como se faz isso? Protegendo aquela mulher, com ajuda de uma rede que passou por uma capacitação, para que nenhum homem se aproxime com a intenção de obter contato físico sem que ela tenha condições de avaliar se quer ou não", explicou.

Previsto no Código Penal, importunação sexual é o crime de praticar atos libidinosos contra alguém sem o seu consentimento, como beijo forçado e passar a mão no corpo alheio sem permissão. A pena para esse crime é de 1 a 5 anos de reclusão, podendo ser mais grave se o autor usar violência ou grave ameaça, caso em que pode ser enquadrado no crime de estupro. Assédio sexual é constrangimento com conotação sexual em que, como regra, há uma relação hierárquica de poder.

A empresa, criada por Ana, é a primeira do país a oferecer protocolos de atuação contra assédio e discriminação para grandes eventos privados e públicos. Com sete anos no mercado, a Livre de Assédio usa a tecnologia como aliada para a oferecer acolhimento rápido da vítima. "Num show, usamos a tecnologia para espalhar os canais de denúncia nos ingressos, cadeiras, banheiros e arquibancadas, para que qualquer pessoa acione nossa plataforma e relate o caso em tempo real. Ela pode dizer que está em risco ou que quer fazer uma denúncia. Trabalhamos com geolocalização, o que facilita nossa atuação. A mensagem chega, e uma das nossas atendentes informa um ponto de acolhimento mais próximo nosso, que é sempre no espaço do evento, e em delegacias e batalhões do entorno", afirmou Ana.

Segundo ela, o modelo já foi usado este ano no Sambódromo Anhembi, em camarotes do Carnaval de Salvador, no Galo da Madrugada em Pernambuco e em festivais de música em São Paulo, como Tomorrowland, e Rio de Janeiro. Os dados de quem faz a denúncia ou da vítima são compartilhados somente com autoridades e com os responsáveis pelos eventos, se houver autorização. "Este é um cuidado muito importante porque nossa experiência mostra que muitas vítimas desejam ajuda, mas não querem ser identificadas. E isso confirma o que as pesquisas já mostram: o assediador, o agressor, normalmente, é alguém conhecido da mulher. Ela tem medo de que a denúncia chegue à polícia e escale para uma investigação, uma punição", conta.

Sobre a Livre de Assédio
É a primeira plataforma brasileira a unir tecnologia, metodologia própria e protocolos firmes contra assédio e discriminação, oferecendo soluções completas para que organizações, empresas e eventos possam prevenir e responder a essas situações de maneira eficaz. A empresa oferece treinamento e certificação, com reciclagem contínua do time e mentorias para gestão de governança. Devido ao pioneirismo no assunto, a Livre apoiou o Ministério Público de São Paulo e Ministério do Trabalho no processo de regulamentação da Lei Não se Cale, assim como a Secretaria da Mulher do Estado do Rio de Janeiro para a mesma temática.

Fonte: Oficina Consultoria

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