A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conhecida como COP30, que será realizada de 10 a 21 de novembro em Belém (PA), deve receber mais de 40 mil visitantes, incluindo líderes mundiais, cientistas e representantes da sociedade civil. Pela primeira vez no Brasil, o evento terá como foco principal ações para enfrentar as mudanças climáticas, evidenciando os setores energético, industrial e logístico.

No âmbito do transporte, o Brasil enfrenta desafios estruturais significativos. A matriz nacional é marcada pela predominância do modal rodoviário, responsável por mais de 65% da movimentação de cargas, segundo o Plano Nacional de Logística 2025. Este desequilíbrio reforça a necessidade de uma readequação estratégica e urgente do setor, com o intuito de promover maior competitividade e desenvolvimento econômico sustentável.

Fato é que o Brasil ainda não adequou seu modelo de transporte à sua vocação natural. Com mais de oito mil quilômetros de costa e uma infinidade de oportunidades navegando diante dos olhos, a cabotagem se apresenta como peça-chave da integração multimodal, interligando cidades e estados de forma eficiente e sustentável.

Para fomentar a discussão da cadeia logística ao longo do evento, é indispensável abordar os atuais desafios logísticos da cadeia nacional, são eles: desequilíbrio da matriz de transportes, infraestrutura inadequada e altos custos operacionais. No entanto, antes de debatermos esses tópicos, vale destacar que o desenvolvimento econômico e social de qualquer território depende diretamente da intensidade, densidade e qualidade da sua rede de transportes, reforçando assim a importância da multimodalidade, em que cada modal atua em conjunto, de acordo com a distância a ser percorrida.

Quando falamos da falta de investimentos em infraestrutura, há estudos que apontam, por exemplo, que o Brasil investe menos do que deveria em infraestrutura logística e, como resultado, o sistema tende a ser ainda mais oneroso. Projeções do ILOS apontam que, em 2024, os gastos com transporte no país superaram R$940 bilhões, com alta de quase 7% em relação ao ano anterior.

O baixo investimento em infraestrutura de transportes, aliado à falta de diretrizes estratégicas no planejamento logístico, resultam em um sistema que encarece a produção. Não à toa, quando limitamos tanto a produtividade quanto a competitividade, esta ineficiência compromete a resiliência frente a eventos climáticos.

Por outro lado, o Brasil possui uma matriz ineficiente e marcada por gargalos, com excesso de dependência do transporte rodoviário e menor participação das ferrovias e hidrovias. Quando consideramos as dimensões territoriais do país, o grande volume de commodities transportadas e o alto custo da manutenção do transporte rodoviário, conseguimos enxergar no aquaviário uma alternativa mais econômica e sustentável.

Embora todos os modais sejam essenciais para a logística nacional, o segredo consiste em utilizá-los no momento certo, na rota adequada e de forma combinada. Sendo assim, apostar na multimodalidade fortalece o princípio da complementaridade da matriz de transportes, promovendo maior equilíbrio e considerando sempre as distâncias a serem percorridas, ou seja, da origem ao destino final de cada mercadoria.

O maior componente dos custos logísticos é justamente o transporte. Influenciado por fatores como o preço do combustível, manutenção, mão de obra e a falta de otimização de rotas, os gastos operacionais estão muito acima da média global, inclusive com um percentual do PIB que pode ser mais que o dobro do observado nos Estados Unidos.

Os custos elevados do setor impactam na competitividade das empresas brasileiras e, sobretudo, no aumento do preço final do produto que é repassado ao consumidor, encarecendo assim diversos bens. Portanto, enquanto não houver investimentos consistentes em infraestrutura e incentivo à multimodalidade, seguiremos reféns de um modelo caro e ineficiente. Reduzir os custos logísticos não é apenas uma demanda do setor, mas uma condição essencial para melhorar a competitividade do Brasil no cenário global.

*Fabiano Lorenzi é CEO da Norcoast, empresa brasileira de navegação costeira. Com mais de 20 anos de experiência em infraestrutura de transportes, o executivo acumula sólida experiência em gestão de logística, tendo sido, ao longo dos últimos três anos, diretor comercial e operacional da Norsul. Além disso, atuou em outras importantes empresas do setor industrial do país, como VLI, Vale e Log-In.

Fonte: VCRP

Curso de robótica é oferecido para crianças e adolescentes

Leia mais...

Escola de Líderes inicia segunda turma na Usina Estiva

Leia mais...

Torneio regional reúne diversas cidades em comemoração ao dia das crianças

Leia mais...

Polícia Militar prende homem por roubo em estabelecimento comercial de Itajobi

Leia mais...

Saúde bucal infantil: 5 dicas para começar os cuidados desde cedo

Leia mais...

Ator Paulo Betti apresenta o espetáculo "Autobiografia Autorizada", no Centro Cultural SESI Rio Preto

Leia mais...