Três espetáculos de artistas de São José do Rio Preto marcam presença na programação do 11º Festival Nacional de Teatro de Jales, que segue até 25 de outubro recebendo companhias de diversas regiões do Brasil. O evento é uma realização do Ponto de Cultura Escola Livre de Teatro de Jales, que em 2025 celebra 35 anos de história.
Toda a programação é gratuita e os ingressos devem ser retirados na Secretaria do Ponto de Cultura Escola Livre de Teatro, anexo ao Teatro Municipal. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira das 10h às 19h.
Companhia Azul Celeste
O primeiro grupo rio-pretense a se apresentar no festival em Jales é a Companhia Azul Celeste. Com 36 anos de trajetória na cena teatral brasileira, a companhia participa com sua mais nova criação: "Aquele que tem os pés inchados". A apresentação será no dia 19 de outubro, domingo, às 19h, no Teatro Municipal de Jales.
Inspirado no mito de Édipo, Aquele que tem os pés inchados propõe uma travessia contemporânea, onde ruínas e encruzilhadas se entrelaçam à busca de pertencimento. A obra parte da tragédia clássica para construir uma dramaturgia original, que funde elementos da cultura ocidental com saberes ancestrais afro-brasileiros — uma jornada que funde o passado mítico às urgências do presente.
Com texto e direção de Jorge Vermelho, e supervisão dramatúrgica do renomado dramaturgo Luis Alberto de Abreu, o espetáculo se estrutura sobre os 16 odús do oráculo iorubá merindilogum, revelando a força simbólica dos orixás como fundamentos cênicos e não apenas como referências temáticas. A assessoria em mito e tragédia contou com Arnaldo Franco Junior e Gelbart Silva.
"O herói trágico dá lugar ao errante contemporâneo, perdido entre algoritmos e destinos, obstinado na busca desmedida de si", define Vermelho. "É uma tragédia pisada com os pés da gente." No palco, o elenco formado por Alexandre Manchini Jr., Fabiana Pezzotti, Glauco Garcia, Lorenzo Hernandes, Murilo Gussi e Rodolfo Kfouri dá corpo a essa travessia simbólica e sensorial.
Realizado com apoio do PROAC SP, Lei Aldir Blanc, Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e Ministério da Cultura, o espetáculo reafirma a importância das políticas públicas de fomento à arte e à cultura.
Companhia Hecatombe
Depois da Azul Celeste, é a vez da Companhia Hecatombe, que em 2025 comemora seus 20 anos com "ØDISSE.IA", espetáculo itinerante baseado na obra clássica Odisseia, de Homero, e que integra a programação do Festival de Teatro de Jales. A sessão acontece no dia 23 de outubro, quinta-feira, às 20h30, no Teatro Municipal de Jales. A montagem oferece ao público uma experiência cênica em que as personagens exploram os limites do espaço urbano e questionam o próprio conceito de espaço cênico.
Segundo o diretor e dramaturgo Homero Kaneko, o novo trabalho da companhia não segue uma narrativa linear tradicional e narra a jornada de Ulisses, um herói mambembe, que, em busca de sua casa, percorre diferentes espaços urbanos, refletindo sobre a masculinidade, a guerra e os dilemas do Brasil atual.
A trama de "ØDISSE.IA" coloca Ulisses, interpretado por Ícaro Negroni, em uma travessia simbólica, onde o mar cede lugar à estrada e a ideia de jornada se mistura ao cotidiano das cidades. O herói, perdido em ideais de um passado distante, caminha entre diferentes mundos e figuras. Calipso, interpretada por Lari Luma, surge como uma crítica ao mercado de arte, personificando a figura da produtora cultural que seduz e aprisiona o artista em uma lógica de valorização imposta. Já Zeus, interpretado por Jaqueline Cardoso, surge no último ato como a força que altera o destino do herói e conduz o público a um grande show, encerrando a jornada do protagonista.
O projeto foi realizado com apoio do Programa de Ação Cultural – ProAC, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, e da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) do Ministério da Cultura e Governo Federal.
Como parte das ações formativas do festival, a Companhia Hecatombe ainda realiza o workshop "A música na cena, no espaço e no público", conduzido por Jaqueline Cardoso e Lari Luma, também no dia 23, das 14h às 16h, na Casa do Poeta e Escritor de Jales, com classificação indicativa de 16 anos e vagas limitadas.
Mayk Ricardo
O trabalho que fecha a participação rio-pretense no Festival Nacional de Teatro de Jales é o experimento cênico-performativo "OUTROS NAVIOS: danças para não morrer", com concepção e direção de Mayk Ricardo, que também assina a coreografia e integra o elenco ao lado de Carol Cof, David Balt e Diego Neves. A apresentação será no dia 24 de outubro, sexta-feira, às 22h, na New Corpus Escola de Dança, com acessibilidade em Libras e audiodescrição.
Unindo dança, performance, música e artes visuais, na obra, quatro artistas revisitam suas próprias histórias em meio às violências cotidianas que atravessam corpos negros no Brasil a fim de resgatar suas identidades e imaginar novos futuros coletivos possíveis. A partir da experiência individual e coletiva de cada intérprete, a criação propõe um gesto de resistência e reinvenção.
Criada em 2023, a convite do Sesc Rio Preto, para integrar a exposição "OUTROS NAVIOS: fotografias de Eustáquio Neves", a performance estabelece diálogos diretos com o imaginário visual e histórico construído pelo fotógrafo mineiro, refletindo sobre memória, deslocamento e sobrevivência. "A pesquisa propôs o encontro das obras fotográficas tanto nos corpos dos performers quanto no vídeomapping e projeções que compõem a dramaturgia, utilizando a arte como estratégia de contra-ataque e prática de autodefesa para reconstruir nossas identidades, territórios e pertencimento; valorizando a ancestralidade, as afetividades e as singularidades", afirma Mayk Ricardo.
O trabalho investiga as coreografias possíveis para esses corpos e suas histórias, tendo o afeto e a alegria como escolhas éticas e políticas de resistência frente às opressões. Em sua parte final, a cena se expande para além do palco: uma discotecagem ao vivo toma o espaço, assinada pelo DJ Taroba, convidando o público a se deslocar, dançar e celebrar junto. Este momento não surge como apaziguamento, mas como ato político: festejar a vida contra a pulsão de morte e afirmar a potência dos corpos negros enquanto sujeitos de alegria, desejo e invenção.
A apresentação integra o projeto "OUTROS NAVIOS: circulação para novos mundos", contemplado pelo Edital Fomento CULTSP - PNAB nº. 27/2024 - Difusão e Circulação de Projetos Artísticos Culturais.
SERVIÇO:
11º FESTIVAL NACIONAL DE TEATRO DE JALES
Quando: 16 a 25 de outubro de 2025
Ingressos: gratuitos
Local de retirada: Escola Livre de Teatro (Rua 07, S/N - Anexo ao Teatro Municipal de Jales)
Programação completa: https://teatrojales.com.br/programacao-completa/
Espetáculos de São José do Rio Preto na programação:
Aquele que tem os pés inchados – Companhia Azul Celeste (São José do Rio Preto/SP)
Quando: 19/10 (domingo), 19h
Onde: Teatro Municipal de Jales
Ingresso: gratuito (retirada na Escola Livre de Teatro - Rua 07, S/N - Anexo ao Teatro Municipal de Jales)
Classificação: 18 anos
Duração: aproximadamente 105 minutos
Assessoria de imprensa: BoniPeixe Comunicação e Fotografia
Ricardo Boni - Repórter Fotográfico - 17 99181.4364
Fernanda Peixe - Assessora de Comunicação - 17 9 9111.4061
ØDISSE.IA – Companhia Hecatombe (São José do Rio Preto/SP)
Quando: 23/10 (quinta-feira), 20h30
Onde: Teatro Municipal de Jales
Ingresso: gratuito (retirada na Escola Livre de Teatro - Rua 07, S/N - Anexo ao Teatro Municipal de Jales)
Classificação: 16 anos
Duração: 60 minutos
Assessoria de imprensa: João Vitor Boni | 17 99167-6132
OUTROS NAVIOS: danças para não morrer - Mayk Ricardo (em coletivo) - São José do Rio Preto/SP
Quando: 24/10 (sexta), 22h
Onde: New Corpus Escola de Dança
Ingresso: gratuito (retirada na Escola Livre de Teatro - Rua 07, S/N - Anexo ao Teatro Municipal de Jales)
Classificação: 18 anos
Duração: aproximadamente 70 minutos
Acessibilidade: Libras e audiodescrição
Fonte: Graziela Delalibera
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