O movimento colaborativo de compartilhamento de informações tecnológicas entre as cidades brasileiras, incluindo códigos-fonte de programação, começou em 2021 com a criação da ANCITI – Associação Nacional das Cidades Inteligentes, Tecnológicas e Inovadoras. Estávamos na pandemia, no início da vacinação, quando Recife compartilhou os códigos fonte de seu recém-lançado aplicativo para agendamento de vacinas com outras cidades do país. Desde então, a troca de experiências e informações entre os gestores de tecnologia das cidades brasileiras tem crescido constantemente, mas esbarra em grandes desafios.

Pesquisa da ANCITI revela que apenas 21,9% dos municípios brasileiros tem orçamento previsto para a implementação e desenvolvimento de sistemas de IA. Além disso, entre esses municípios, apenas 42,9% estão efetivamente destinando esses recursos para a Inteligência Artificial. Apesar de ter algumas das metrópoles mais inteligentes do mundo, como São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Recife, o Brasil ainda engatinha na universalização da tecnologia como ferramenta de gestão.

Embora o uso da tecnologia ainda seja baixo nos mais de 5 mil municípios brasileiros, os resultados do compartilhamento de informações promovido pela ANCITI começam a aparecer. Análises de crédito para empreendedores, criação de planos de negócio e confecção de currículos, que já são realidade em Recife graças ao uso de IA, logo serão adotadas, nos mesmos moldes, por Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Londrina. São Paulo, Porto Alegre e Aracaju assinam na próxima semana, durante o quinto seminário Smart Gov promovido pela ANCITI, um amplo convênio para troca de informações e tecnologias, inclusive de inteligência artificial. Objetivamente, será possível fazer o intercâmbio de projetos como o diagnóstico de câncer de pele por análise de imagens, que está sendo desenvolvido em Porto Alegre, ou o planejamento das linhas de ônibus por IA, que também evita fraudes no Bilhete Único na capital paulista entre as cidades, de forma rápida e sem burocracia.

O uso de IA e de outras tecnologias pelos governos municipais ainda esbarra em questões como a falta de legislação específica para a contratação ou desenvolvimento de soluções, além da falta de pessoal especializado. Pesquisa do Gove, um software de relacionamento para governos, aponta que metade das cidades brasileiras sofre com a falta de mão de obra capacitada para desenvolver e aplicar tecnologias, que apenas 5% das cidades brasileiras têm acesso a ferramentas de inteligência artificial e mais de 60% das cidades não estão em conformidade com a LGPD. A ANCITI tem ajudado municípios de todo o país a superarem essas barreiras justamente com a realização dos seminários Smart Gov.

Sob a intermediação da ANCITI, projetos de IA que beneficiam diretamente os cidadãos, como a assistente virtual Marisol, de Fortaleza, que auxilia na busca por serviços públicos, podem ser compartilhados com outras cidades. O mesmo vale para projetos que aumentam a agilidade e qualidade dos serviços públicos, como a linha "Pronto", da prefeitura de São Paulo. São 4 soluções de IA utilizadas para identificar, validar, classificar e preencher documentos, dando celeridade aos processos.

Uma questão fundamental, cuja resposta pode ser o incentivo para que gestores municipais passem a enxergar a tecnologia e as múltiplas possibilidades oferecidas pelo uso da Inteligência Artificial, começa a ser respondida com a realização do primeiro seminário Smart Gov do ano, na capital sergipana: qual é o retorno financeiro do investimento público em tecnologia? Sabemos que a resposta a esta questão é multifacetada – se por um lado, sistemas e aplicativos tecnológicos facilitam a vida das pessoas, aumentam a eficiência de governos, economizam tempo e agilizam processos, por outro lado é difícil mensurar em valores o tamanho desses benefícios, ou o vácuo de eficiência que pode ser criado se o ritmo dos investimentos em tecnologia continuar baixo. No mundo corporativo, o ROI – return of investiment, na sigla em inglês, é ferramenta fundamental para mensurar a viabilidade de um investimento. Na gestão pública, esse conceito ainda é abstrato e criar no Brasil uma cultura de investimentos em tecnologia para fazer com que cada vez mais cidades se tornem inteligentes e eficientes é um grande desafio. Já é possível solicitar a poda de uma árvore, agendar uma consulta médica ou matricular o filho na escola de forma eletrônica, sem sair de casa. Mas isso é pouco. Há infinitas possibilidades no campo da tecnologia para a melhoria dos serviços públicos, mas falta visibilidade para ações que estão dando certo.

A estrada tecnológica que aumenta a eficiência dos governos e melhora a qualidade de vida da população já começou a ser construída. Ampliar e revolucionar o ecossistema de inovação das cidades brasileiras, para antecipar o futuro no atendimento às demandas dos cidadãos é um caminho sem volta, mas é preciso agilizar esse processo.

Johann Dantas é tecnólogo em Tecnologia da Informação (FATEC), pós-graduado em Sistemas de Informação (IBTA) e tem MBA em Digital Business, Administração e Negócios (USP). É presidente da ANCITI – Associação Nacional das Cidades Inteligentes, Tecnológicas e Inovadoras e CEO da Prodam SP.

Fonte: Trio

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