É impossível pensar no universo digital sem mencionar a existência dos data centers, eles que são a espinha dorsal da nossa infraestrutura tecnológica. Levando em consideração a importância desse nicho, explorar e adotar fontes de energia renováveis para melhorar a eficiência geral e, ao mesmo tempo, garantir a sustentabilidade e o uso responsável do espaço onde os centros de dados estão localizados são práticas significativas que podem ajudar no enfrentamento da crise climática e energética. 

À medida que o segmento de data centers se prepara para lidar com as crescentes demandas de dados relacionadas à inteligência artificial (IA) e ao aprendizado de máquina, aumenta também a necessidade de construir mais centros de dados para atender a essas exigências. 

De acordo com a consultoria Mordor Intelligence, estima-se que o investimento na construção de data centers nos Estados Unidos alcance US$ 24,63 bilhões em 2024, devendo atingir US$ 32,56 bilhões até 2029. No Brasil o tamanho desse mercado é estimado em 0,74 mil megawatts (740 MW) até o fim deste ano e pode chegar à marca de 1,21 mil megawatts (1.210 MW) em 2029, o que representa um aumento anual de 10,17% no período. 

No entanto, o aumento dos preços dos terrenos e os custos operacionais estão desafiando essa expansão, o que leva as empresas a buscar locais alternativos e soluções mais criativas para erguer data centers e responder às demandas de investimento. De modo geral, as companhias constroem data centers em áreas urbanas e suburbanas privilegiadas para reduzir a latência e estar próximas aos usuários finais da rede. Esses locais costumam apresentar menos riscos de condições climáticas extremas, inundações e incêndios, o que poderia deixar as empresas offline por períodos prolongados e afetar sua lucratividade operacional.

Observa-se, desde 2021, uma tendência crescente de afastar os data centers de cidades congestionadas e de alto custo para áreas mais rurais, alinhada à expansão do trabalho remoto e ao movimento populacional em direção a comunidades menores e menos urbanizadas em busca de moradia mais em conta e melhor qualidade de vida. A chegada do 5G foi, inclusive, um facilitador para a entrega da potência de computação necessária aos data centers para suprir essas áreas menos densamente povoadas.

Vale ressaltar que os data centers tradicionais consomem e emitem uma quantidade significativa de energia, sendo responsáveis por quase 2% do uso global da energia anual, com uma pegada de carbono comparável à da indústria da aviação. Isso tende a se intensificar com a expansão do segmento e a aderência a novas tecnologias como a IA, o que vai gerar volumes ainda maiores de informações, contribuindo para o esperado incremento de 500% nos dados globais até 2025.

Para se manterem atrativos e sustentáveis, os centros de dados enfrentam pressões significativas de comunidades locais e governos para diminuir suas emissões de carbono e minimizar seu impacto nos recursos locais. Por isso, as empresas do setor precisam reinventar suas práticas e arquiteturas ou encontrar alternativas para atender essas expectativas regulatórias e comunitárias.

Para encarar desafios como falta de espaço, custos de terreno e a crise climática no setor de data centers, uma solução viável é a adoção de data centers pré-fabricados e modulares. Esses centros são reconhecidos por sua segurança, agilidade e eficiência, permitindo que as empresas hospedem dados críticos em uma ampla gama de locais não tradicionais, minimizando os custos de construção e o aluguel de terrenos.

Os centros de dados modulares podem ser implementados e estar plenamente operacionais entre seis a nove meses após o início do projeto, economizando significativamente o tempo de implementação na comparação com as construções tradicionais e se adaptando de forma eficiente às necessidades do cliente. Essa flexibilidade e escalabilidade atraem aplicações em setores industriais, governamentais e econômicos devido à sua durabilidade e facilidade de transporte e ao tamanho compacto. 

Ao posicionar esses recursos de processamento mais perto dos usuários finais, é possível obter maior eficiência operacional, bem como diminuir os custos associados à transmissão de dados em longas distâncias. Essa abordagem visa melhorar a conectividade e a velocidade, e ajudar na redução da pegada de carbono, promovendo práticas mais sustentáveis e alinhadas com as demandas globais por energias limpas e eficiência energética.

*Davi Lopes é diretor de Secure Power Brasil na Schneider Electric

Fonte: RPMA Comunicação

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