Crianças e adolescentes estão cada vez mais imersos no ambiente digital, onde encontram inúmeras oportunidades de aprendizagem, comunicação e entretenimento. De acordo com a Pesquisa TIC Kids Online Brasil, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, 95% dos jovens de 9 a 17 anos têm acesso à internet, somando mais de 25 milhões de pessoas conectadas em todo o país. No entanto, essa realidade traz também inúmeros desafios, aumentando a preocupação com a segurança online desses jovens.

Monitoramento e orientação no ambiente digital

Os principais riscos ao navegar na internet incluem a exposição a conteúdos inadequados, como violência e material impróprio para a faixa etária, o contato com estranhos que podem representar perigo, o cyberbullying, a exposição excessiva da vida privada e os golpes financeiros. Essas ameaças se manifestam por meio de redes sociais, aplicativos de mensagens, jogos online e outras plataformas digitais.

Para identificar essas ameaças, os pais devem observar sinais como mudanças de comportamento, isolamento, irritabilidade, ansiedade ao usar dispositivos eletrônicos ou conversas sigilosas com desconhecidos. Manter uma comunicação aberta e atenta com os filhos é fundamental para detectar problemas, sendo uma das principais estratégias de prevenção.

Os riscos online podem afetar significativamente o desenvolvimento e o bem-estar psicológico dos jovens, gerando problemas como baixa autoestima, depressão, ansiedade e dificuldades de socialização. A exposição contínua a conteúdos na internet, que muitas vezes promovem padrões irreais de aparência, status ou vida ideal, pode distorcer as percepções dos jovens sobre si mesmos e sobre o mundo, impactando suas emoções e comportamentos.

Medidas práticas

Família e educadores têm um papel essencial na orientação e supervisão dos jovens, ensinando sobre os perigos da internet e reforçando a importância de comportamentos seguros. Esse papel vai além de simplesmente monitorar o uso de dispositivos; é preciso também educar sobre ética, respeito e privacidade digital. Conversar abertamente sobre os riscos, estabelecer regras claras para o uso da tecnologia e estimular o pensamento crítico são atitudes fundamentais para educar crianças e adolescentes sobre segurança na internet. Participar das atividades digitais dos filhos, conhecendo as plataformas que utilizam, é uma forma eficaz de identificar possíveis perigos e orientar suas interações online.

Existem diversas ferramentas para monitorar e proteger a atividade online dos jovens, como aplicativos de controle parental, filtros de conteúdo e configurações de privacidade nas redes sociais. Entre as práticas que crianças e adolescentes devem adotar para um uso mais seguro estão: não compartilhar informações pessoais, evitar interações com desconhecidos, ajustar configurações de privacidade para reduzir a exposição e denunciar conteúdo ou contatos inadequados. Promover o uso consciente e respeitoso da internet é essencial para garantir a segurança online.

Para incentivar hábitos saudáveis de uso da internet, é importante estabelecer limites de tempo para o uso de dispositivos e promover atividades offline, como brincadeiras, esportes e leitura. A família deve servir de exemplo, equilibrando seu próprio uso da tecnologia e reforçando a importância do tempo de qualidade em família. Manter um diálogo constante sobre o que é visto e feito online ajuda a criar um ambiente seguro e equilibrado para o uso da internet.

Nesse sentido, o equilíbrio entre supervisão e liberdade online é um dos maiores desafios para os pais. É importante encontrar um meio-termo que ofereça a supervisão necessária para garantir a segurança, mas que também permita que crianças e adolescentes desenvolvam autonomia e responsabilidade digital.

As escolas também desempenham um papel crucial na educação sobre segurança online. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) orienta que os estudantes adquiram habilidades para utilizar a tecnologia de forma crítica, ética e responsável, compreendendo os riscos e as boas práticas no ambiente digital. É importante que as instituições de ensino sigam essas diretrizes, integrando temas como segurança na internet, privacidade digital e proteção de dados nos ambientes de aprendizagem. Também é fundamental fornecer orientação aos estudantes sobre como lidar com situações como o cyberbullying, fortalecendo sua capacidade de navegar no mundo digital de forma segura e consciente.

Proteger as crianças no ambiente digital é um desafio contínuo que requer a participação ativa de famílias, educadores e dos próprios jovens. Com as ferramentas corretas, uma comunicação aberta e a educação constante sobre os riscos e responsabilidades online, será possível criar um ambiente digital mais seguro e saudável para todos.

Graziele C. Ortega é Coordenadora de Projetos Educacionais da Rede de Colégios Santa Marcelina, instituição que alia tradição à uma proposta educacional sociointeracionista e alinhada às principais tendências do mercado de educação.

Fonte: EPR Comunicação

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