Há exatamente um ano, manchas de óleo invadiram o litoral brasileiro, afetando mais de 3 mil quilômetros de costa. Mesmo que parte do material poluente tenha sido retirado, especialistas afirmam que os riscos para os ecossistemas marinhos permanecem, podendo causar danos inclusive à saúde humana. Eles defendem a continuidade dos estudos de avaliação dos impactos e o desenvolvimento de tecnologia de monitoramento das águas.
"Embora a imagem degradante das manchas aparentemente tenha sido resolvida, o óleo ainda está lá, gerando impactos pouco visíveis ao olhar comum", alerta o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN) e pesquisador do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), Alexander Turra. "Parte do óleo que atingiu a costa brasileira se acumulou no fundo do mar e se misturou com os sedimentos, formando grumos pegajosos de poucos centímetros que, de tempos em tempos, são lançados nas praias por meio de tempestades e ressacas e seguem liberando compostos químicos no ambiente. O óleo também está presente nos tecidos de organismos marinhos afetados, podendo representar risco para o ambiente e para a saúde humana. Por isso, a continuidade dos estudos é necessária", alerta.
No final de agosto e início de setembro de 2019, manchas de óleo tomaram boa parte do litoral brasileiro, naquele que se tornou o maior acidente ambiental da história do país. Em junho de 2020, nove meses após o evento, o material poluente ressurgiu na costa de estados como Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A investigação conduzida pela Marinha do Brasil levantou hipóteses de derramamento acidental, intencional, operação ship to ship ou naufrágio de um navio petroleiro, mas a origem do óleo até hoje segue desconhecida. O inquérito, já concluído, apontou que o derramamento ocorreu a 700 quilômetros da costa e viajou submerso por 40 dias.
Segundo o ecólogo e coordenador de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Robson Capretz, isso realça a necessidade de monitoramento das águas, considerando a importância do oceano para a manutenção da vida no planeta. "O oceano é responsável pela estabilidade do clima, pela produção de alimentos e estocagem de carbono; além de movimentar a economia, envolvendo setores como transporte, recursos minerais, energia e turismo. Os ambientes marinhos também são fonte de renda e berço de culturas e tradições de populações tradicionais", destaca.
Turra, que é também responsável pela Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade dos Oceanos, reforça que acidentes como o que ocorreu em 2019 precisam de respostas imediatas das autoridades para reduzir prejuízos. Isso implica em transparência no diálogo, na divulgação das informações, assim como na comunicação constante com a comunidade científica para a interpretação correta dos eventos.
"É preciso que seja desenvolvida tecnologia para identificar e monitorar em tempo real manchas que se aproximam da costa pela superfície ou abaixo dela e todos os navios que passem ao longo da costa brasileira - em especial os navios-tanque. Também é preciso definir procedimentos e indicadores prévios de alerta, como o desligamento do transponder de um navio ou padrão suspeito de navegação, de forma a permitir ação rápida da Marinha", aponta Turra.
Os especialistas afirmam ainda que é necessário solicitar ações e procedimentos mais rigorosos de combate a fraudes no sistema de rastreamento de embarcações pela Organização Marítima Internacional (IMO) e de responsabilização por crimes ambientais. "O treinamento de profissionais e voluntários, a implantação de instrumentos de vigilância independentes, a elaboração e implementação de protocolos de reação e a alocação de recursos públicos e privados para a prevenção e contingência de acidentes são outros aspectos que devem ser pensados", reforça Turra.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a zona costeira do Brasil estende-se por mais de 8.500 quilômetros, abrangendo 17 estados e cerca de 400 municípios, do Norte ao Sul do país. Trata-se de uma área extremamente rica do ponto de vista da biodiversidade, com muitas espécies de fauna e flora ainda desconhecidas da ciência e cuja existência fica comprometida diante de acidentes graves como o do ano passado.
No vazamento de 2019, foram afetadas 906 localidades em 127 municípios de 11 estados. Ao todo, o governo federal informa ter desembolsado R﹩ 172 milhões para conter o avanço das manchas e coletar os resíduos. À época, a Marinha divulgou que havia mobilizado 54 organizações militares, 2.700 membros das forças armadas, 16 navios, duas aeronaves, além de embarcações e viaturas pertencentes às diversas capitanias dos portos, delegacias e agências sediadas ao longo do litoral.
Sobre a Climatempo
Com solidez de 30 anos de mercado e fornecendo assessoria meteorológica de qualidade para os principais segmentos, a Climatempo é sinônimo de inovação. Foi a primeira empresa privada a oferecer análises customizadas para diversos setores do mercado, boletins informativos para meios de comunicação, canal 24 horas nas principais operadoras de TV por assinatura e posicionamento digital consolidado com website e aplicativos, que juntos somam 20 milhões de usuários mensais.
Em 2015, passou a investir ainda mais em tecnologia e inovação com a instalação do LABS Climatempo no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP). O LABS atua na pesquisa e no desenvolvimento de soluções para tempo severo, energias renováveis (eólica e solar), hidrologia, comercialização e geração de energia, navegação interior, oceanografia e cidades inteligentes. Principal empresa de consultoria meteorológica do país, em 2019 a Climatempo uniu forças com a norueguesa StormGeo, líder global em inteligência meteorológica e soluções para suporte à decisão.
A fusão estratégica dá à Climatempo acesso a novos produtos e sistemas que irão fortalecer ainda mais suas competências e alcance, incluindo soluções focadas nos setores de serviços de energia renovável. O Grupo segue presidido pelo meteorologista Carlos Magno que, com mais de 35 anos de carreira, foi um dos primeiros comunicadores da profissão no país.
Fonte: Assessoria de Comunicação da Climatempo